Verdadeiros barris de pólvora. Esta pode ser a descrição dos superlotados presídios mineiros. Qualquer fato por mínimo que seja já é motivo para desencadear insatisfações entre a comunidade carcerária, visitantes e servidores.
Ontem (05/02/2012) familiares de presos entraram em confronto com agentes penitenciários. Eles denunciaram que foram mal tratados pelos servidores e em protesto fecharam a rua em frente ao Ceresp. Algumas visitantes jogaram lixo, cadeiras e caixas para impedir a passagem dos veículos. Os visitantes e parentes dos presos disseram que a confusão começou após o horário de visitas. A auxiliar de cozinha Nalva Claudionor dos Santos conta que passou mal e um preso se levantou para ajudá-la. Com as armas nas mãos, os agentes penitenciários tentaram intimidar os manifestantes.
Projetado para abrigar 400 presos provisórios, e para servir como centro de remanejamento de presos provisórios (Autuados em flagrante delito que aguardam condenação judicial) o Ceresp/Gameleira se transformou em um mega presídio e atualmente abriga mais de 1.200 sentenciados definitivos. Depois que o sistema penitenciário assumiu a administração das penitenciárias em Minas gerais, o Ceresp Gameleira já foi palco de inúmeras tragédias e a confusão de domingo é apenas um reflexo do stress em que vivem os agentes penitenciários, visitantes e presos.
Trabalhando sem apoio da superintendência prisional, cerca de 90% deles foram admitidos sob o regime de contratos administrativos e não possuem a mesma estabilidade e preparo dos agentes efetivos. Devido a falta de legislação, os contratados não recebem nenhum treinamento e são preparados “trabalhando”. “Quando fui admitido no ano passado, mandaram eu comprar o uniforme e fiquei 15 dias trabalhando direto para “aprender o serviço”. Jamais peguei em um revólver para dar sequer um tiro.” “Não recebemos nenhuma instrução de como agir no caso de manifestação de parentes de presos ou dos próprios presos. Esse trabalho é uma verdadeira porta de cadeia e se a gente vacilar, acaba passando para dentro da cela.” Denunciou um servidor do Centro. “Aí quando a gente depara com familiares dos presos agressivos com a gente, a única coisa que podemos fazer é ficar com arma em punho, sem munição para intimidar.” Completou.
O ocorrido no Ceresp Gameleira é um prenúncio de que algo de muito grave poderá ocorrerá no sistema penitenciário Mineiro se ações vigorosas não forem tomadas. E o pior é que na Superintendência de Segurança Prisional da SEDS, faltam gestores qualificados para administrar os projetos prisionais e as respectivas ações operacionais.
Na SEDS, os servidores mais preparados para as funções na cidade administrativa, por falta de “acesso político”, estão à frente das grandes penitenciárias do Estado. Deveriam estar repassando experiências a outros diretores de unidades prisionais.
Apenas para que os nossos leitores tenham uma idéia, a Superintendência de Segurança Prisional, órgão administrativo e operacional da SEDS, atualmente é ocupada por um agente penitenciário que nunca dirigiu uma unidade prisional e o pior é que ele é assessorado por outro agente penitenciário que foi diretor de um Centro de triagem em BH, onde os presos ficam por apenas 15 dias.
A verdade é que a gestão penitenciária, não só em minas mas em todo o Brasil é fraquíssima, onde os gestores são eleitos por politicagens, também os contratados são indicados por políticos e assumem o cargo sem nenhuma preparação prévia, e mais, nem mesmo os agentes efetivos teem uma preparação periódica como cursos de reciclagem, mas certamente são cobrados de forma sumária pelas falhas de um sistema que está em colapso devido a uma má gestão, fruto de uma política que se volta apenas para interesses particulares de uma minoria dominante. ISSO É O BRASIL!!!
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