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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Celular é vendido por até R$ 3 mil dentro das penitenciárias de Minas




Para especialistas em segurança pública, o fim da corrupção entre os servidores do sistema prisional passa pela instalação dos bloqueadores de telefones celulares nas penitenciárias de Minas. O comércio de aparelhos é comum dentro dos muros dos presídios, segundo uma fonte do governo do Estado, que pediu para ter o nome preservado.

“Um celular é vendido por até R$ 3 mil para os presos. O problema é tão grave que o mesmo aparelho foi encontrado três vezes em um presídio de Ribeirão das Neves (na Região Metropolitana de Belo Horizonte). O agente que apreendeu o telefone pela última vez foi afastado”, afirma a fonte.

Na edição de domingo (2), o Hoje em Dia mostrou que, há quase três anos, a Polsec Indústria e Comércio de Equipamentos Ltda foi aprovada pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) para instalar bloqueadores na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, também na Região Metropolitana. O atestado de capacidade técnica foi emitido após 70 dias de testes feitos pela empresa, de novembro de 2009 a janeiro de 2010.

Entrevistas

Na semana passada, a reportagem tentou falar com os chefes da Seds, secretário Rômulo Ferraz, e da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), Murilo Andrade. Mas os pedidos de entrevista não foram atendidos. O presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de Minas Gerais (Sindasp-MG), Adeílton de Souza Rocha, também foi procurado. Uma funcionária do Sindasp, que se identificou apenas como Lorena, disse que Rocha retornaria a ligação, o que não ocorreu até a noite de sexta-feira (30).

A Seds também não forneceu estatísticas de celulares apreendidos dentro das prisões mineiras. Os desvios de conduta dos servidores, no entanto, são confirmados pelos dados repassados pela secretaria em 19 de novembro: de janeiro a outubro deste ano, 56 agentes penitenciários tiveram os contratos rescindidos após conclusão de investigações abertas pela Corregedoria da Suapi, parte deles por facilitar a entrada de celulares nas prisões.

Em 18 de julho, um agente penitenciário de 28 anos foi preso tentando entrar no presídio de São Joaquim de Bicas com um celular escondido na sandália. “Medidas estão sendo tomadas, mas a resposta não é imediata, pois exige a abertura do processo administrativo”, afirma o promotor André Ubaldino, coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Combate ao Crime Organizado. Ele é favorável à instalação dos bloqueadores.

Para o doutor em sociologia e pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da UFMG, Felipe Zilli, as tentativas de acabar com a corrupção no sistema prisional são “remendos em pano velho”. “O problema existe há décadas. Passam governos e gestores da segurança, mas nada é resolvido”.
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Com informações do Hoje em Dia

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